O Recomeço, Capítulo 4


Na mesa, enquanto todos tomavam o café da manhã, Veneranda começou a falar:
- Acham que estou velha?
- Claro que não mamãe - disse Joshua
As crianças começaram a rir e cochichar entre si
- São elas! Essas malditas crianças que estão falando de mim! - Gritou a velha.
- São apenas crianças conversando, acho que você não está bem. - disse eu, tentando passar compreensão.

Depois fui no centro com Joshua vender as frutas que eles plantaram. Estava lá apenas duas semanas, era minha primeira ida ao centro, e mesmo sendo pouco tempo, não aguentava mais ficar naquela casa com aqueles pirralhos, eu precisava arrumar um emprego decente, e isso só conseguiria na cidade.

O Recomeço, Capítulo 3

Comecei a frequentar a mercearia da esquina, e entenda por esquina duas fazendas adiante. Minha locomoção passou a ser uma moto velha entre aquelas ruas de paralelepipedo. A cidade era tão parada que dava até para prestar atenção em detalhes que não se vê na cidade grande.

Diziam que Veneranda era mística, eu não acreditei mesmo, acho que ela era mais uma velha louca que não foi com a minha cara. Ela não gostou de mim, eu sinto isso, sinto sua falsidade através daqueles gestos bondosos. Ou talvez eu esteja delirando e ela seja simplesmente uma boa velinha.
- Como foi seu dia Alessia? - perguntou Veneranda, enquanto se embalava na sacada
- Bom, eu acho - Sorri e sentei ao lado dela
Ficamos observando as árvores por longos 5 minutos, e aquela dúvida cada vez mais me consumia.
- Desculpa se entendi errado, mas você parece não gostar de mim, não é mesmo?
- Ah! Bobeira filinha... - colocou a mão no meu ombro, como se quisesse me convencer de uma mentira
- Ah Veneranda, que meiga você! Não sei como podem dizer que você está ficando caduca - senti meus olhos brilharem de tanta falsidade.
- Estão dizendo isso?
- Você não sabia? Não, eu não lhe disse nada! - levantei-me rapidamente e subi para o quarto.

O Recomeço, Capítulo 2

Então a mais nova defensora da humanidade estava chegando em Ihleburg, não era exatamente o que eu esperava, haviam castelos lindos, mas são antigos de mais para mim, por sorte fui morar nas fazendas agrícolas, na casa de um tio que minha mãe arrumou para mim, Joshua.
Cheguei carregando as malas que minha mãe havia me dado, eu nem sabia o que havia lá dentro. O tio já veio me ajudando a carregar aqueles pesos.
- Obrigada - sorri dócilmente
- Ah, seja bem vinda sobrinha! - ele deu três tapinhas em minhas costas
"Que fingido, mas não tanto quanto eu"

Aquela semana toda foi parada, como a vida que eles levavam, só não tão parada pelo fato de terem duas crianças na casa, filhos de Joshua, e a avó das crianças, Veneranda. Não sei porque ninguém quis me falar da mãe deles, confesso que fiquei curiosa, mas não perguntei às crianças se não poderiam chorar.

O Recomeço, Capítulo 1

- O povo de Ihleburg é muito tradicional, então cabelo vermelho nem pensar
- Que tal um...
- Xi! Não fale, apenas faça. As palavras estragam os nossos atos, sabia?
- Ok queridinha.
Horas depois saí do salão com uma franja longa e lisa no cumprimento dos olhos, e o resto do cabelo desfiado, num tom castanho claro com luzes de um loiro escuro acinzentado.
"Não sei se gostei, mas sei que vou me acostumar, este cabelo combinou com meus olhos"

Comecei a viagem, não podia levar nada comigo a não ser os documentos novos que indicavam-me como Alessia, e sei lá porque, mas significa defensora da humanidade.
Partir daquele país me partia também o coração, era provável que nunca mais fosse ver Cris novamente.

O Recomeço, Introdução e Personagens

O Recomeço é a continuação do antigo Mal-Caráter. Você pode perfeitamente começar a ler apartir daqui, ou se quiser ficar mais por dentro e não cair de para-quedas, fique à vontade para ler o conto Mal-Caráter.
É quando Débora, por falta de opções, decide começar uma nova vida e um lugar diferente.
Acompanhe se ela será ou não capaz de mudar seu mal-caráter.

Bom divertimento.

Personagens:
Alessia: Protagonista do conto e quem narra. É a antiga Débora, agora vivendo como outra pessoa por fora, e ela mesma por dentro. Tudo é contado pelo seu ponto de vista egoísta, egocêntrico e frio.
Joshua: Amigo da mãe de Alessia, recebe para fingir ser tio dela.
Veneranda: Velha mãe de Joshua.
Jack: Dono do bar de Ihleburg.
Vitória: Garota que Débora (Alessia) havia matado.
Cristina: Garota que Débora (Alessia) ama.

Ao decorrer do conto irão surgir outros personagens menores e alguns secretos, que se revelados agora perdem a graça.
As frases entre "parenteses" são os pensamentos de Alessia.

A Autora: Káah Azamba

Muito obrigada à todos que acompanharam pacientemente.
A partir de 11/02 (sexta) começará a postagem do novo conto, que é a continuação do Mal-Caráter, então aproveitem esse tempinho para ficarem por dentro lendo e relendo ^^

Aqui vai uma novidade; nesse segundo conto que será postado, inclui a ajuda de Emilly para elaboração de ideias.

Espero que estejam se divertindo, e não esqueçam de deixar suas críticas, sugestões e idéias também.

Mal-Caráter, Capítulo 23 e Despedida

Minha mãe não se importava com eu ter matado alguém, mas sim em ter sido pega pela justiça, era tão orgulhosa quanto eu, e sentia seu ego ferido ao saber que fui derrubada.
- Se é para mudar de vida, então que seja drásticamente... Quero morar em uma fazenda, na Alemanha.
- Melhor ainda - disse minha mãe, sorrindo vagarosamente
- Foi bom negociar com você

A visita acabou, no dia seguinte minha mãe me ligou;
Eu não queria ficar mais uns meses dormindo na prisão e fazendo trabalho comunitário, então troquei meus advogados pelos que minha mãe havia enviado. Fizeram um acordo, eu ficaria mais seis meses e depois poderia sair.
- Não era bem o que eu queria, mas já ta bom.
- Se você  tivesse me avisando antes, não tinha passado de oito meses aí.
- Ta bom mãe...

Seis meses depois estava eu saindo da cadeia. Confesso que um ano e oito meses me fizeram desacostumar com tudo, sorte que iria morar na tranquilidade da fazenda.
Me sentia sozinha, minha família cheia de julgamentos contra mim, minha mãe interesseira, e meu pai era como eu, mas acho que pior, havia sumido há 5 anos. Estava sem Márcia, Vitória ou Cristina e recomeçaria sozinha, do zero, fingindo ser outra pessoa.
Com tudo o que sofri até aqui, espero ter aprendido algo, e que venha o recomeço.


Despedida
A Fic Mal-Caráter termina por aqui, mas dá continuidade para a Fic Recomeço, espero que tenham se divertido.

Mal-Caráter, Capítulo 22

Minha mãe continuou falando - ...em troca de você sumir deste país, trocar de vida e manter contato mensalmente comigo. - Inclinou-se na cadeira, aproximando do vidro que nos separava - É melhor do que eu pedir que pare de fazer besteiras, até porque sei que isso nunca vai acontecer.
- É uma boa proposta, trocar de vida, mudar de país e ainda lhe aturar somente uma vez ao mês, mas como vou me manter por lá sem um emprego? Por incrível que pareça, aqui na cadeia estou segura.
É claro que eu odiava ficar presa, mas não podia demonstrar isso à minha mãe, e eu sabia que se a expremesse ganharia mais coisas, afinal ela não fazia isso por amor, e sim pela campanha eleitoral dela.
- Não seja boba, o contato mensal servirá para você ganhar o seu salário como boa filha, e como sei que não confia em mim, vou lhe dar um cargo razoável em uma das empresas do Chile.
- Chile? Acha que vou para o Chile?
- É onde posso garantir que você viva bem.
- É onde você garante que a mídia não vai me pegar. Eu sou boa no que faço, posso até continuar vivendo no Brasil sem saberem que sou eu.
- Tão boa que está onde está. No Brasil não.
- Escuta mãe, eu me rendi, me entreguei...
- De idiota que foi. Alemanha está bom para você?
- Não sei alemão
- Você é inteligente... apesar de tudo.

Mal-Caráter, Capítulo 21

 A outra carta me parecia familiar antes mesmo de abrir;
"Não estou com raiva por você ter sumido, com isso já me acostumei, o que não admito é deixar sua mãe saber que foi presa através de uma notícia no jornal da TV.
Achei que fosse me procurar, mas já que não veio, eu vou.
Se prepare para minha visita no dia 14"


Não conseguia acreditar, minha mãe?
Quase três anos sem contato algum e ela resolve aparecer? Minha vida acabou.

Dia 14 lá estava eu, presa, quando chega minha mãe. Apesar de estar na casa dos quarenta, continuava linda e sedutora, sempre de batom vermelho.
Com aquele ar de superior, ela disse;
- Conheço a filha que tenho, infelizmente. Você é um desgosto para sua família, puxou ao seu pai, aquele canalha. E não serve nem para matar alguém e sair ilesa?
Tentei me justificar, mas ela me fitou com os olhos e prosseguiu falando - Mas não foi para isso que vim aqui, quero lhe propor sua liberdade e mais um dinheirinho extra...
"Minha mãe querendo negociar? Quero nem ver"

Mal-Caráter, Capítulo 20

Um mês depois recebo duas cartas; abri uma
"Débora,
Confesso que nem acreditei quando li sua carta, nem sabia se ainda estava viva. Antes presa do que morta, não é mesmo?
Não sei porque, mas não me surpreendi quando vi seu rosto na televisão sendo presa por um assassinato, você sempre foi doidona, era de se esperar.
Agora falando de mim, estou casada e grávida de sete meses, é um garoto.
Conheci meu marido logo após que me mudei, namoramos seis meses e depois noivamos.
Ele é um amor de pessoa e está muito empolgado em ser papai.
Não leve a mau, mas não acho bom você se envolver com minha família, está tudo tão bem agora, e você sempre atrai coisas ruins.
Espero que fique livre logo.
Cuide-se,
Márcia"


Resumindo, perdi a amiga para a droga do amor, pelo menos apareci na televisão, apesar que isso significa que vou ter que mudar o visual.

Mal-Caráter, Capítulo 19

Nem aproveitamos o dia, estávamos brigadas.
Descobri que ela tinha medo e raiva de mim. "Merecia ir presa também, mas eu a amo, fazer o que."
Me entreguei à policia, contei que havia feito Vitória dormir, carregado-a (sozinha) até meu carro e levado seu corpo para o bosque. Duas horas depois havia voltado para a festa (foi o tempo que fiquei conversando sozinha com ela). Tudo se encaixou e ninguém, além de mim, saiu prejudicado.
Peguei seis anos de prisão por ter me entregado e declarado que apenas queria assustá-la, e não fazia idéia que haviam animais selvagens por ali.
Meu advogado conseguiu reduzir para quatro anos, e se tivesse um bom comportamento, poderia sair em um ano e quatro meses, e depois somente dormiria na prisão.

"Depois que eu e Cris completamos um ano de namoro e ela descobriu do homicídio, nossa relação foi de mau a pior.
Poxa Márcia, não sei o que tive na cabeça, mas achei que ela ficaria feliz em saber que a pessoa que ela odiava, jamais iria interferir novamente.
Só que foi o contrário, Cada segundo que se passava Vitória parecia mais presente entre a gente, e as brigas aumentavam.
Quando vim presa, Cris me visitou uma vez, foi triste.
Tudo o que faço aqui é escrever, apanhar e ser assediada, é tão escuro e tem um cheiro horrível, como o inferno eu acho. Pelo menos Vitória parou de me perturbar.
Faltam apenas dois meses e eu posso sair por bom comportamento, mas ainda vou ter que dormir aqui e talvez fazer alguns serviçoes comunitários.
Sabia que jamais vou poder me aposentar? É lei.
Desculpa ter sumido esse tempo todo.
Abraços,
Débora"

Mal-Caráter, Capítulo 18

- Vou me entregar amanhã, finga estar surpresa e vamos aproveitar o dia de hoje.
- Ficou louca?
- Relaxa, não vou colocar ninguém no meio, até reescrevi a história.
- Débora isso é idiotice - disse Cris, já alterada - Os advogados estão fazendo um ótimo trabalho
- Sinto que preciso de punição
- Nenhuma punição apagaria o que você fez, você tem que se manter viva.
- Eu deveria ter pensado nas consequências
- Também acho
Olhei triste para o chão - Você tem raiva de mim pelo o que fiz.
- Um pouco de medo também
- Medo? Você é a Cris, ela a Vitória, tem toda diferença! Não acredito que me compare com essas pessoas que matam por matar.
- Você vive falando que não sabe o motivo! - Gritou Cris
- Cala a Boca Cristiane, e pare de gritar comigo - Falei num tom firme e sai dali.
"Ela tem razão... e agora?"

Mal-Caráter, Capítulo 17

A festa foi ótima, e o amigo da Vi fez amigos por lá e encheu tanto a cara que nem se lembrou dela.
No dia seguinte deu notícia no jornal local que uma pessoa havia sido comida por lobos e ficou irreconhecível; passaram alguns meses e como Vitória havia sumido no mesmo tempo, resolveram ligar os pontos.
Eu e os participantes da festa fomos interrogados diversas vezes, e a principal suspeita era eu.
- Droga, dei muito na cara!
Cris já havia se acostumado com a idéia, acho que só ficou furiosa no começo por eu ter bolado o plano sozinha.
- Se esforce mais, porque se você for presa, eu também vou por ocultar informações.
- Cris meu amorzinho, como eles vão saber que lhe contei? Só se você contar...
- É, tem razão.

Todas as noites eu sonhava com a Vi, as vezes ela estava sorrindo e feliz, as vezes ela estava muito triste e desesperada.
"Nem gosto de imaginar pelo o que ela passou. Nem sei ao certo porque fiz aquilo, mereço mesmo um castigo."

Mal-Caráter, Capítulo 16

Como a maior inocente do mundo disse que não fazia a menor idéia, mas iria resolver tudo em breve.
Saudei Vitória e seu amigo, e o deixei à vontade nas bebidas, ele tinha cara de quem gostava de beber. Disse para a Vi que precisavamos conversar e a chamei para dentro da casa.
Servi uma caipirinha e dei à ela, e começamos a conversar sobre o dia a dia, até que na segunda caipirinha ela perguntou o que era que eu precisava conversar, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa ela foi no banheiro, aproveitei o momento e coloquei sonífero na bebida dela, quando ela voltou continuou a beber e eu saí de lá, voltei para a festa, ao lado de Cris e cochichei:
- A Vi já foi embora, problema resolvido

Enquanto a festa rolava, dois amigos meus pegaram o corpo da Vi, que estava com tanto sono que não entendia nada, e levaram na caminhonete para longe dali, jogaram no meio de um bosque, e logo após me mandaram a msg: 'Trabalho feito'

Mal-Caráter, Capítulo 15

Márcia havia se mudado tinha uma semana, ela partiu e nem nos despedimos, continuamos brigadas, mas eu não deixava isso ocupar minha mente, estava me focando na festa de um ano com a Cris. Convidei meus parentes, alguns colegas da faculdade e fiz questão de convidar Vitória, ainda queria vingança. A Cris convidou muitos amigos e apenas a irmã dela, o resto da família não gostava nem de lembrar que ela era apaixonada por outra garota, minha família pelo contrário era super liberal, com exessão do meu avô. Claro que a Cris não sabia que eu tinha convidado a Vitória.
A Vi nem imaginava que eu ainda tinha raiva dela, eu a tratava normalmente quando nos esbarravamos pelos corredores, não estudávamos mais na mesma sala, o que foi bem melhor para mim.


O dia da festa havia chegado.
Tudo pronto e perfeito na minha casa, os convidados chegando e tudo o mais. Todos nos saudando e parabenizando.
Estava gostando muito do carinho de todos, mas me sentia um pouco deslocada, pois a maioria eram conhecidos da Cris, pelo menos ela estava feliz.
No começo da festa aparece Vitória com um amigo, nem preciso dizer que a Cris pirou, me puxou para um canto e começou a perguntar o que ela estava fazendo ali.